terça-feira, 12 de março de 2013

Relato | Meu Carnaval 2001 | QFCM*

2001........................................
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Da *quarta-feira de fogo à quarta de Cinzas: Mascarados nas ruas

    Eis que surge nos céus de Esperança o Passarim. Era 23/24 horas da quarta-feira de Fogo, véspera de Carnaval. Não era o Bacurau, devido ao fato de que ‘só quem faz um bacurau é outro bacurau’. Pintado em cores alegres, como deveria ser, vinha predominantemente em laranjas, passando por amarelos e vermelhos; zarolhos brancos; pouco preto, para acentuar detalhes, além de penachos alviverdes como sobrancelhas. Ora, era Bacurau, sim, e daí?, enquanto obra de arte, artística manifestação do desejo de ver a vivacidade que o Carnaval vem perdendo. Ora, pois, trocamos o dia pela noite na confecção das máscaras. Fomos bacuraus, por assim dizer. Mas não era preto! Poderia se dizer. Afinal, quer-se ler uma história permeada de estorias ou se quer discutir, argumentaria o mestre Ariano Suassuna.
    Como sempre, gastamos economias antes e repomos parte com ajuda pública.
    Vestidos todos os outros, além do Passarim, em roupas de saco de cebola recheados de retalhos, à la ursa, compunham o Bloco de Máscaras Cidade de Esperança. Ele, Panda e Urso Verde; Boi Fantasma, a Cobra do Açude Velho e um azulado ET; uma Patinha, o Saguim e a Porca tiveram suas roupas confeccionadas pela criançada que, ao começarem a vê-los nascer, tomar forma, contornos e cores imaginaram, sabidamente, “Ti-Vá” e “Ti-Mécio” não usariam todas no Carnaval. Ademais, tinha o Boi de Luz, em leve lilás e coloridamente decorado, alusivo ao bumba-meu-boi, teria a Burrica Azul. Certamente eles seriam os principais personagens dessa empreitada, e para gente grande.
    Como em toda brincadeira, os brincantes foram chegando, atraídos por cores e ritmos. Ramon se beneficiou de imediato. Marivaldo queria exercitar a arte da confecção de máscaras, ser um mascareiro, por achar um barato. Além de vestir o Bonecão, compondo com Mita Costa o Casal da Meia-Noite, Marivaldo mascarou Ramon, tendo até a mãe pintado no set para dar cores ao personagem do filho. Leandro se viu na Cobra. Verdinha, de olhos obtusos, cujos dentes amarelados foram logo associados aos dele. Até tentou fazer máscara… Mas não vestiu a camisa, foi tocar zabumba e foi tocar agogô… A Gogô, a Maga e os namorados Mivaldo e Renato, respectivamente, se retiraram. Estavam num só coração. Não brincaram o Carnaval. Pediram pra rezar e saíram.
    Naquela noite, então, Evaldo vestiu o Homem da Meia-Noite e Mita, a Mulher. Marivaldo foi de Boi de Luz e os outros fizeram a festa com pedaços de madeira, ganzás, pandeirinhos e os improvisados bombos de lata e plástico. Destaque para Júnior Tuiuiú, de Boi Fantasma e Vanessa Toinha, com a Porca que tanto desejou. Estavam Rafael Batatinha de ET Azul, Tiago com o Pereirinha, confeccionado pela molecada, mesmo. E os pais corujas não os perderam de vista. Como sempre, os pais dão o apoio e se ocupam na segurança dos filhos.
    Parada para descanso não houve. Circulamos séde-à-sêde, ligando a Rua do Sertão, Solon de Lucena (onde Inacianha Celestino e vizinhos fizeram as honras) à Manoel Rodrigues (Praça da Folia), voltando pela Rua Nova, João Pessoa, depois de Zezinho, do lanche, fazer as honras. Só sairíamos no sábado, também à noite, com mais membros. Desta vez, já Carnaval, um Carnavascaíno, na lomba, quis agarrar o boi. Mas a turma do deixa-disso entrou em ação. O trajeto foi o mesmo, porém, saímos mais cedo e mais gente fez a festa conosco. Não entramos na Praça da Folia, para evitar choque entre mascaradinhos e foliões.
    No domingo, devido à praia da gurizada, não saímos. Na segunda, então, a festa foi de dia. Entre 15 e 16 horas lá estávamos nós, depois da confecção da Burrica Azul, circulando pela cidade. João Mendes e sua Rua da Lagoa nos viu desfilar, com faixa e tudo, Toinha e Micaely à frente. Hélder de Boi de Luz, Evaldo emburricado. A Rua da Cadeia, Alfredo Régis, também nos viu. A Praça do Liso, Praça da Folia, de relance, sem parada, e lá fomos nós. Chegamos a do Irineu, Juviniano Sobreira. Paramos no pátio da escola. Fizemos a festa até chegar à casa de Birico, de Vanessa Toinha. Brincamos no Morro do Piolho. Tentamos ciranda. Mita se banhou. Marivaldo fazia o zabumba soar não mais que ele suava. Abílio de Tininho estava com a gente, no triângulo. Seguimos pela São Vicente, pegamos Manoel Cabral e, por fim Manoel Rodrigues, Solon de Lucena e sede, à Praça Augusto Donato, 355. Rodolfo Pelezinho Tambor, Soní de Dedé, “Cráudio”, Michael, Michel e tantos outros já estavam com a gente. Perdemos a conta.
    Em todos esses momentos ensaiamos palavras de ordem: Viva o Boi! Olha o Pereirinha! Viva a Porca! E o Boi Fantasma! Viva Pedro Pixaco! Viva a Cobra do Açude Velho! E a batucada! Viva o ET! Passarim, Patinha, as alaúnças o Casal da Meia-noite; o Saguim, Urso Verde e Panda e os amigos que encontrávamos no caminho.
    Enfim a terça-feira. Juntaram-se a nós dois meninos de Maria José, primos do excelente Guilherme; Mirele, Érica e Letícia, e até Marinaldo Pai. Gabriel e o irmão, seminus. João Perigoso, sem perigo algum. Ouvimos a Banda de Pífanos de Campina, Chama-Chuva e Antonio Nóbrega, aquecendo os instrumentos. Manelzinho Rocha, dos tambores de papel de cimento, passou-nos noções rítmicas. Fizemos a Rua Nova, onde a Mulher da Meia-noite, vestida para o dia, arranjou outro parceiro, Bruno de Rosa. Na Rua do Boi, arrastando uma boiada de foliões que ali se concentravam. Na do Irineu, paramos no pátio para um descanso e filmagens, feitas por Carlos Alma Almeida. Pegamos a Manoel Rodrigues rumo à Praça da Folia. Depois de não atentar pros conselhos Tales Pereirinha vai ao chão na calçada do Banco do Brasil. Pereirinha quase chora ao perder o nariz. Pegamos à esquerda para a Praça do Liso e, na do Aconchego, pousamos pra fotografia. Fechamos a João Mendes até a sede. Mais uma vez, à esquerda, no rumo da Matriz.
    Para encerrar, manhã da quarta-feira de Cinzas, um sessão de fotos sob as bênçãos de São Francisco, onde não estiveram Micaely e Toinha. Juntaram-se a nós os filhos de Davi, Amanda e Herbesson, que além da alegria chegaram a fazer do Boi de Luz uma seistopéia, junto com Bruno de Rosa.
    E foi assim, o Carnaval de 2001 com Bloco de Máscaras.

domingo, 10 de março de 2013

Trem de Ferro



Um fino apito estrídulo sibila
Rangem as rodas num arranco perro
E lentamente, a se arrastar desfila,
Fumegante e luzente o Trem de Ferro.

Soa no espaço um derradeiro berro
E, tão rápido voa que horripila,
Esse monstro a rolar de serra em serra
Apavorando a solidão tranquila.

Rompe cabanas, matagais tristonhos,
Despenhadeiros, barrancos medonhos…
Nada lhe amaina seu rápido furor.

Corre, corre veloz, nada o embaraça,
Desfraldando uma bandeira de fumaça
Como um bravo guerreiro vencedor.

(Silvino Olavo, Revista da Esperança, pág. 38, 3ª Edição, Ago. 1997)

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